Jacarandá. No final da Primavera, Lisboa está coberta por um exuberante enfeite de tons de malva e azul púrpura.
Esta explosão de cor é devida aos jacarandás que florescem em Maio-Junho.
E parece que a cidade está coberta por uma pintura ligeiramente psicadélica.
Em Lisboa é um orgulho: é a única capital a ser sombreada por estas capas azuis.
O jacarandá é uma das muitas espécies de árvores que os portugueses conseguiram aclimatar após as suas viagens de descoberta marítima. Os Portugueses tinham introduzido muitas espécies desconhecidas. Vieram do Brasil, da Índia e de África. No entanto, a inquisição tinha refreado o seu entusiasmo botânico. Tinha decretado que se tratava de uma prática satânica.
Finalmente, em 1768, o Jardim Botânico da Ajuda (Belém) permitirá a Portugal juntar-se aos países ocidentais, destacando a ciência e a beleza das plantas. E foi precisamente ali, neste encantador jardim periférico, que foi plantado o primeiro jacarandá de Lisboa. Graças a Félix de Avelar Brotero. O jardim tem mais de 200 anos de idade,
Os nativos, os tupi-garanis, chamavam-lhe “o perfumado” (jacarandá) quando estava em flor. Mas tornou-se “macaco a bater palmas” quando os seus frutos se agitavam ao vento como castanholas.
Alias, a árvore não é de grande interesse para os marinheiros mercantes. Não só não pode ser utilizado em carpintaria marinha, bem como para a sua essência, da qual não se pode extrair perfume. No entanto, será utilizado para fazer pequenos objectos de madeira úteis à navegação, e será chamado “falso palisandre”. Assim, o jacarandá tornar-se-ia mais tarde o belo ornamento que poderia ser admirado nas ruas de Lisboa.
No seu habitat natural, no Brasil, Argentina e Bolívia, está ameaçada.
No entanto, faz-nos querer admirar a bela árvore. Assim o misterioso jacarandá lança uma sombra azulada nas ruas da capital portuguesa. Para ser visto na Av. Dom Carlos, Rua Castilho, Rua Almirante Barroso, Praça do Rossio. Sem esquecer o Jardim Botto Machado em Santa Clara e muitos outros lugares.
Para saber mais sobre as descobertas e as plantas e sobre a história de Portugal
Lisboa-affinities recomenda-lhe os livros do escritor Olivier Ikor: Caravelles, o século dourado dos navegadores portugueses, editado por Lattès, 2010, La Fabuleuse odyssée des plantes, Lattès, 2003, com Lucile Allorge.
e para mais informações, ver o artigo sobre jacarandás em Geo spécial arbres.
